“E se eu viver mais do que o esperado? Não quero viver mais do que meu dinheiro.”

Esse sentimento é bastante comum e pode levar consultores a desenvolver planos financeiros que assumem que seus clientes viverão por um longo período. A ideia é que, ao planejar para uma vida mais longa, as retiradas do portfólio serão menores, o que ajuda a garantir que o dinheiro dure mais tempo.

No entanto, os saques do portfólio não são o único fator a considerar na aposentadoria. Para casais que contam com  pensões ou outras fontes de renda que mudam quando um cônjuge falece, o planejamento para uma vida longa pode ter um custo adicional. Isso se deve ao risco de mortalidade – o risco de falecer mais cedo do que o esperado e deixar o cônjuge sobrevivente com menos renda do que o planejado.

Como isso acontece? Se ambos os cônjuges recebem pensões, os benefícios totais diminuem quando um deles morre. Além disso, muitas pensões e anuidades não oferecem 100% de sobrevivência e podem cessar totalmente com a morte do beneficiário. Se um cônjuge falece mais cedo, a renda que não vem do portfólio diminui, obrigando o portfólio a compensar essa lacuna. Isso pode aumentar o estresse no portfólio e o risco financeiro.

Portanto, há um dilema ao decidir quanto tempo presumir que alguém viverá: o risco de longevidade leva os consultores a planejar para vidas mais longas, enquanto o risco de mortalidade sugere a necessidade de considerar uma vida mais curta. Como encontrar o equilíbrio certo?

Uma forma de lidar com esse dilema é considerar o risco de mortalidade ao modelar os fluxos de renda que não dependem do portfólio ao longo do plano financeiro. Além disso, é importante adotar uma metodologia mais rigorosa para determinar a duração do plano, tanto para o presente quanto para o futuro.

E se eu morrer antes da minha esposa?

Embora o medo de ficar sem dinheiro na aposentadoria seja real, para muitos casais, a preocupação principal pode ser a segurança financeira do cônjuge sobrevivente. Por exemplo, ao planejar para meus pais, meu pai me perguntou: “O que acontecerá com a mamãe se eu morrer?” Essa é uma questão crucial. A família da minha mãe tem um histórico de longevidade – minha bisavó viveu até os 90 anos, sua irmã até os 104 anos, e minha avó acaba de completar 90 anos. Os recursos de aposentadoria dos meus pais incluem uma pensão vitalícia e dois benefícios da Previdência Social, que seriam reduzidos ou eliminados após o falecimento do meu pai.

Qual é o risco de mortalidade? Isso depende de como os recursos do casal estão distribuídos. Veja o exemplo a seguir:

João e Maria, ambos com 65 anos, são casados e recebem mensalmente R$3.000 da Previdência Social para João e R$2.000 para Maria. João também recebe uma pensão vitalícia de R$1.500 por mês e eles têm um portfólio de aposentadoria de R$1 milhão. Eles informam seu consultor financeiro de que esperam viver até cerca de 95 anos.

Com base na expectativa de vida estimada de João e Maria de mais 30 anos, o consultor calcula que eles podem gastar cerca de R$ 9.800 por mês. Isso assume que o portfólio terá um retorno real médio de 5% ao ano, com um desvio padrão de 10%, e que eles têm uma meta conservadora de 10% de chance de gastar mais do que o planejado e 90% de chance de gastar menos.

No entanto, se João morrer antes de Maria, ela perderá R$ 2.000 por mês em benefícios da Previdência Social e R$ 1.500 por mês da pensão. Essa redução significaria uma grande mudança na renda de Maria. E se, em vez de viver os 30 anos esperados, João morrer aos 75 anos, daqui a 10 anos? Nesse cenário, o nível de gastos de R$ 9.800 por mês, que tinha apenas 10% de risco de ser excessivo se João vivesse 30 anos, teria um risco de 58% de ser excessivo se ele morrer em 10 anos! Embora as despesas de Maria possam diminuir após a morte de João, a menos que ela reduza os gastos em R$ 3.500 por mês, isso não será suficiente para cobrir toda a diferença.

A razão para esse aumento no risco é que a morte prematura resulta na perda de renda proveniente da Previdência Social e da pensão, além de possíveis aumentos nos custos com impostos (que não discutiremos aqui). Isso significa que o portfólio precisa cobrir essa diferença. Se o planejamento considerar que João morrerá aos 75 anos, o gasto mensal seguro para o casal, com o mesmo nível de risco de gastos excessivos, seria de R$ 7.600 — 22% a menos do que o montante inicial, devido ao tempo reduzido de vida de João.

Dado que não podemos prever com certeza se João viverá até os 95 anos ou morrerá aos 75, qual é o melhor conselho para gastos de aposentadoria para João e Maria? E, mais importante, como os consultores podem fornecer conselhos confiáveis para casais como eles? A resposta é considerar ambos os riscos de forma séria, utilizando um processo rigoroso para o planejamento que aborde tanto o risco de longevidade quanto o de mortalidade.

Lidando com a incerteza da longevidade na aposentadoria

A análise financeira evoluiu ao reconhecer e lidar com riscos e incertezas. Por exemplo, o entendimento sobre o risco de sequência de retornos levou à criação de modelos de taxa de retirada segura e simulações, como a análise de Monte Carlo. Recentemente, softwares começaram a considerar o risco de inflação, ou seja, a possibilidade de a inflação ser diferente do esperado e variar ao longo do tempo.

A situação de João e Maria mostra a necessidade de tratar a renda dependente da longevidade como algo incerto em planos financeiros. Assim como não é possível prever com precisão os retornos futuros, também não se pode determinar exatamente quando alguém morrerá. Portanto, é crucial considerar a incerteza sobre a longevidade ao planejar.

Para lidar com a incerteza da longevidade, consultores podem usar várias abordagens. Bill Sharpe, em seu livro “Retirement Income Analysis”, sugere o uso de simulações probabilísticas de mortalidade. Isso envolve simular, com base em tabelas atuariais, como a morte precoce de um ou ambos os clientes pode impactar a capacidade de gasto do casal. Embora essa abordagem seja rigorosa, ela ainda não é amplamente utilizada por muitos consultores. Além disso, algumas simulações podem parecer desconfortáveis para consultores e clientes. Mensagens como “Se os retornos forem ruins e a inflação alta, você pode precisar reduzir os gastos no futuro. Mas você pode já estar morto até lá, então isso não é tão ruim” podem não transmitir confiança. Um planejamento mais sólido inclui uma meta clara de longevidade: “Temos um plano que deve durar pelo menos até você ter X anos.”

Outra maneira de planejar o risco de mortalidade é calcular a capacidade de gastos usando uma média ajustada de renda esperada. Em vez de contar toda a renda não-portfólio (como Previdência Social e pensões) que seria recebida se os clientes vivessem até a data estimada de morte, essa abordagem calcula a média da renda que um casal pode receber em diversos cenários de mortalidade (excluindo casos em que ambos morrem antes do fim do plano). Isso ajusta as expectativas e leva a um conselho de gastos mais conservador.

Uma vantagem dessa abordagem é que não é preciso definir uma data exata de morte para os cônjuges. Em vez disso, a morte é tratada como algo variável e incerto, não como um evento fixo.

Ao calcular os subsídios de despesas de João e Maria, considerar todos os benefícios da Previdência Social exageraria o valor real que o casal receberia nos próximos 30 anos.

Os benefícios da Previdência Social ajustados pela mortalidade esperada consideram tanto os cenários em que João e Maria estão vivos quanto aqueles em que um deles falece e o sobrevivente continua recebendo o próprio benefício. Esses valores são ajustados de acordo com a probabilidade de cada situação ocorrer ao longo do tempo.

Aqui, vemos que no início do plano, os benefícios ajustados pela mortalidade consideram um total combinado de R$ 5.000/mês em benefícios da Previdência Social. Isso ocorre porque, nesta fase e nos anos seguintes, a situação mais provável é que ambos os cônjuges estejam vivos e recebendo benefícios. No entanto, com o tempo, a probabilidade de Maria se tornar viúva e receber um benefício de sobrevivência aumenta. Após 30 anos, o plano ajustado pela mortalidade mostra apenas R$ 3.300 em benefícios totais, sendo 43% baseados em Maria recebendo benefícios de sobrevivência, 33% baseados em João como viúvo, e o restante considerando que ambos ainda estão vivos.

A pensão vitalícia ajustada pela mortalidade depende exclusivamente das chances de João ainda estar vivo para receber esses benefícios ao longo do plano.

Usando esses fluxos de caixa ajustados pela mortalidade na análise, a capacidade de gastos é de R$ 8.700/mês, e não R$ 9.800/mês. Levar a mortalidade em consideração reduz em R$ 13.200/ano (ou 12%) os gastos desse casal.

Essa diferença se baseia no simples fato de reconhecer que a vida é incerta e que o amanhã não é garantido. A duração de um plano financeiro não deve ser igual ao tempo estimado de vida de alguém.

Como mencionado, as necessidades de gastos de um cônjuge sobrevivente podem ser bem diferentes das necessidades do casal. Os impostos podem aumentar, já que a declaração conjunta se torna individual. Algumas despesas podem diminuir, mas outras podem surgir ou aumentar. Uma análise completa do risco de mortalidade deve incluir as mudanças esperadas nos gastos após o falecimento de cada cônjuge. Felizmente, ao incluir a renda e os gastos ajustados pela mortalidade em um plano, os consultores podem preparar seus clientes para essas mudanças.

Aqui estão alguns exemplos:

Caso de Planejamento A: Após avaliar as necessidades de gastos esperadas, um consultor pode planejar que Maria gaste R$ 1.000 a menos por mês se João morrer, enquanto os gastos de João permaneceriam os mesmos se Maria falecesse. Nesse caso, o gasto recomendado seria de R$ 8.950 por mês, reduzindo para R$ 7.950 quando João falecer, mas permanecendo o mesmo se Maria morrer.

Caso de Planejamento B: Se o consultor espera que os gastos de Maria permaneçam iguais após a morte de João, mas que os gastos de João aumentem em R$ 1.000 por mês se Maria falecer, o gasto recomendado seria de R$ 8.000 por mês, aumentando para R$ 9.000 se João sobreviver a Maria.

Essas diferenças serem aproximadamente simétricas é uma coincidência. João, como viúvo, manteria sua pensão, mas as chances de ele se tornar viúvo são menores do que as de Maria. Em outro plano, com diferenças maiores de idade, saúde ou diferentes fontes de renda afetadas pela mortalidade, poderíamos observar impactos ainda maiores.

A comunicação desse tipo de planejamento pode variar. Para alguns clientes, pode ser útil mostrar gráficos detalhados, mas para muitos, isso pode ser confuso. Nesses casos, é mais apropriado discutir o risco de mortalidade de forma clara e como o plano se ajusta a ele.

Uma abordagem possível para a conversa poderia ser:

“Construímos um plano de 30 anos, até que vocês cheguem aos 95 anos. Mas se um de vocês falecer, os benefícios da Previdência Social e a pensão mudarão. Não sabemos quanto tempo cada um viverá e não podemos ignorar o risco de que um de vocês terá que lidar com uma redução nesses benefícios. Isso seria imprudente e poderia comprometer a segurança financeira do cônjuge sobrevivente.

Por isso, nossa recomendação é gastar um pouco menos do portfólio agora, para que possamos compensar a perda desses benefícios caso um de vocês venha a falecer.”

Personalizando suposições de mortalidade

Embora no exemplo anterior tenhamos usado suposições de mortalidade baseadas em um homem de 65 anos e uma mulher de 65 anos, os efeitos reais de ajustar a mortalidade dependeriam das características individuais do casal. Consultores financeiros podem personalizar ainda mais os planos ao basear os ajustes de mortalidade não apenas na idade cronológica, mas em uma “pseudoidade” que reflita uma expectativa de vida maior ou menor do que a média. Por exemplo, um consultor pode considerar um homem de 65 anos com histórico de doença cardíaca na família como tendo 70 anos para fins de planejamento de risco de mortalidade. Isso é semelhante ao processo que as seguradoras usam para classificar os segurados ao definir prêmios de seguro de vida.

Determinar esses ajustes adequados exigiria um entendimento profundo da situação do cliente. A tabela a seguir, adaptada de Sharpe 2019, mostra áreas que podem afetar a expectativa de vida. “Intervalo” na tabela refere-se à diferença na expectativa de vida entre alguém com as melhores e piores características em uma determinada área, mantendo todos os outros fatores constantes. Vale destacar que as melhorias ou reduções na expectativa de vida não são necessariamente aditivas entre diferentes áreas.

Formas de melhorar o Planejamento de Longevidade

Quando se trata de planejar a longevidade, existem várias nuances que um consultor pode explorar. Aqui estão algumas sugestões para otimizar o planejamento do risco de longevidade:

Use a tolerância ao risco de longevidade para definir a duração do plano

No exemplo anterior, utilizamos um plano de 30 anos, que pareceu ser um número redondo e conservador. No entanto, essa abordagem generalizada pode não ser a ideal. Em 2020, David Blanchett, chefe de pesquisa de aposentadoria do grupo de Gestão de Investimentos da Morningstar, analisou mais de 31.000 planos financeiros e descobriu que a idade projetada para o falecimento era 90 anos em 70% dos planos e 95 anos em 20% deles.

Uma abordagem mais precisa para determinar a duração do plano deveria usar expectativas reais de longevidade, baseadas na idade, sexo e estado de saúde dos clientes. Por exemplo:

  • Casais de mulheres podem exigir planos mais longos do que casais de homens ou casais formados por homens e mulheres.
  • A duração do plano deve variar para casais com idades diferentes, como 65/65, 60/65 e 65/60.
  • Se o cliente tiver uma saúde abaixo da média, o plano deve ser mais curto; se tiver saúde acima da média, o plano deve ser mais longo.
  • A duração do plano deve ser menor para indivíduos do que para casais.

Se um plano de aposentadoria não reflete essas diferenças, então como a duração do plano está sendo determinada? As descobertas de Blanchett indicam que muitos consultores se baseiam em padrões de software de planejamento, que usam números redondos. Embora essa abordagem seja conservadora e visa minimizar o risco de longevidade, pode levar a uma subestimação do risco de mortalidade. Um processo personalizado para determinar a duração do plano, que leve em conta as idades e a saúde dos clientes, seria mais eficaz.

Ferramentas atuariais para durações de planos personalizados

A ciência atuarial oferece ferramentas valiosas para determinar durações de planos mais precisas. As expectativas de longevidade variam significativamente com a riqueza. Por exemplo, as Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina descobriram que a expectativa de vida aos 50 anos para aqueles nascidos em 1960 era 5,4 anos maior para os 20% mais ricos em comparação com aqueles na faixa mediana.

Para proteger contra a subestimação da longevidade, o software usado por algumas empresas utiliza tabelas de mortalidade e escalas de melhoria para participantes de planos de aposentadoria, ao invés de dados da população geral. Consultores que trabalham com uma população diferente podem optar por usar outras tabelas de mortalidade.

Como um consultor financeiro usaria dados atuariais para planejamento de longevidade? O processo básico leva três etapas:

  1. Identificar uma variação de quanto tempo os clientes podem viver em diferentes cenários de risco de longevidade.
  2. Escolher uma duração de plano que corresponda à tolerância ao risco de longevidade dos clientes ou às suas expectativas de vida.
  3. Atualizar a duração do plano regularmente para refletir mudanças na expectativa de vida à medida que os clientes envelhecem.

Essas práticas permitem que os consultores financeiros criem planos mais precisos e adaptados às necessidades individuais dos clientes, aumentando a eficácia e a segurança dos planos de aposentadoria.

Assim como é essencial ter um método para selecionar a duração do plano, também é crucial atualizar essa duração ao longo do tempo, à medida que os clientes envelhecem. Deixar de fazer isso pode resultar em um planejamento que não acompanha o risco de longevidade.

Vamos supor que um consultor esteja planejando para João, um homem de 65 anos com expectativas de longevidade média. Aos 65 anos, isso daria a João um plano de 23 anos (até os 88 anos). Dez anos depois, João tem 75 anos. Se o consultor não tivesse atualizado o plano, ele agora teria 13 anos restantes. Mas as expectativas de longevidade são diferentes para João agora, aos 75 anos, do que eram aos 65 anos. Afinal, ele sobreviveu dos 65 aos 75 anos.

Se as expectativas de longevidade forem atualizadas (mantendo as probabilidades de João viver tanto quanto seus pares), ele agora teria um plano de 15 anos (até os 90 anos). Dez anos depois, aos 85 anos, ele teria um plano de 8 anos (até os 93 anos). Ou seja, ao viver 20 anos, João ganhou 5 anos de expectativa de vida.

Se as expectativas de longevidade de João não forem atualizadas à medida que ele envelhece, seu plano pode se tornar muito curto, aumentando assim o risco de longevidade. Há uma grande diferença entre planejar para 11 anos, 8 anos ou apenas 3 anos.

Por exemplo, se João tivesse um portfólio de R$ 1 milhão, usando as mesmas premissas de mercado de capitais mencionadas anteriormente, a capacidade de gastos dele variaria significativamente dependendo da duração do plano, conforme mostrado abaixo:

  • Plano de 11 anos: A capacidade de gastos seria maior, pois o plano considera que ele precisaria dos recursos por menos tempo.
  • Plano de 8 anos: A capacidade de gastos seria reduzida em comparação com o plano de 11 anos, uma vez que o portfólio precisa durar mais tempo.
  • Plano de 3 anos: A capacidade de gastos seria muito menor, pois o planejamento a longo prazo se tornaria insuficiente para cobrir as despesas ao longo do tempo.

Errar na duração do plano aos 80 anos, planejando por 8 anos em vez de 11, pode ser desastroso. Isso não resultaria no risco esperado de 10% de gastar demais, mas sim em um risco muito maior, de 58%. Pior ainda, errar na longevidade aos 85 anos, planejando para apenas 3 anos em vez de 8, resultaria em um risco de 100% de gastar demais!

Esses números deixam claro que manter estimativas de longevidade atualizadas não é apenas uma questão de detalhe; é essencial para um bom planejamento financeiro à medida que as pessoas envelhecem.

Um consultor pode pensar: “É por isso que eu planejo até os 95 anos desde o início.” Embora essa abordagem possa parecer uma maneira de garantir que a duração do plano esteja correta, ela pode ser muito conservadora. No entanto, atualizar regularmente a duração do plano conforme novas informações sobre a longevidade se tornam disponíveis é uma prática mais eficaz. Isso significa que o plano será constantemente ajustado para refletir as novas expectativas de vida do cliente, o que ajuda a evitar a situação de “alcançar” o fim do plano.

Essa abordagem é semelhante a poder ajustar uma aposta em um jogo de basquete conforme o jogo progride. À medida que o tempo passa e mais informações se tornam disponíveis, as apostas tornam-se mais precisas. Com um plano de aposentadoria, se um cliente sobreviver a mais um ano, o consultor tem mais informações sobre sua possível longevidade e pode ajustar o plano para o futuro. Quando essas atualizações de duração do plano são incorporadas em um processo maior de monitoramento e ajuste contínuo, o planejamento se torna muito mais robusto.

Esse processo não significa que os planos iniciais devam ser excessivamente curtos, mas diminui a pressão que os consultores sentem para estender a duração inicial do plano para além das expectativas razoáveis de vida útil.

Enfrentando o risco de longevidade e mortalidade

Ao planejar investimentos e inflação, consultores costumam reconhecer e planejar para incertezas e riscos. No entanto, quando se trata de planejar rendas afetadas pela mortalidade, como Previdência Social e muitas pensões, a maioria dos planos não considera adequadamente a incerteza sobre quando alguém pode falecer.

Assumir uma vida longa para se proteger contra o risco de longevidade (sobreviver mais do que o dinheiro) pode, paradoxalmente, aumentar o risco de que os recursos faltem após o falecimento do primeiro cônjuge (risco de mortalidade). Para mitigar esse risco, os consultores podem usar a renda esperada ajustada pela mortalidade ao analisar o plano, garantindo que não exagerem no quanto um casal pode gastar.

Se soubéssemos exatamente quanto tempo alguém viveria, o planejamento financeiro seria muito mais simples. Como não sabemos, é crucial fazer nosso melhor para fornecer conselhos que protejam tanto contra o risco de longevidade quanto contra o risco de mortalidade, garantindo segurança financeira para os cônjuges sobreviventes.

AUTOR:

JUSTIN FITZPATRICK: Justin Fitzpatrick, Ph.D., CFP, CFA, é Diretor de Inovação no Income Lab, uma plataforma de software de planejamento financeiro. Antes de cofundar o Income Lab, ele acumulou uma década de experiência em vendas, distribuição e gestão de serviços financeiros, liderando equipes em planejamento financeiro, estratégia de portfólio e desenvolvimento de ferramentas de tecnologia. Além disso, Justin lecionou em instituições renomadas como MIT, Harvard e UCLA. Ele possui um BA pela University of Michigan e um Ph.D. pelo MIT, além de ser um Chartered Financial Analyst (CFA) e Certified Financial Planner (CFP).